A derrota não pode vencer - ESL

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A derrota não pode vencer

No meu cotidiano, observo algo que em muito tem me inquietado: a acomodação das pessoas perante os resultados alcançados.

De fato, tenho visto muitas pessoas com um grande potencial de crescimento sendo tomadas por um conformismo paralisante, que as impedem de ver fora da caixa. Vivem seu cotidiano profissional de uma maneira protocolar, descartando valiosas oportunidades inconscientemente.

Para ilustrar melhor esse assunto, trago aqui uma frase do Dunga, técnico da seleção brasileira, quando ainda jogador (nos idos anos de 1990) em uma vitória sobre a Suécia “Nossa vitória mostrou que estamos no caminho certo. O futebol espetáculo não existe mais.

Em contraste ao momento em que tal frase foi proferida, hoje, a seleção atravessa tempos áridos. De fato, percebemos nitidamente que tudo se apequenou: o patrocínio, renda, público, entusiasmo, desejo, audiência, paixão, sonhos e futebol.

Fazendo uma analogia à decadência vivenciada pelo futebol brasileiro: entendo que as outras Seleções ou os times de fora, em especial da Europa, cresceram e evoluíram, mas será que nós não diminuímos e involuímos? Será que não nos cabe esta reflexão acerca de quem éramos e de quem somos? Entendo que na vida certas derrotas pelas circunstâncias parecem vitórias, mas certas vitórias não merecem comemoração.

Para muitos, sinônimo de vitória é chegar em primeiro lugar, independente da forma, do jeito ou do caminho. Tal pensamento representa a teoria do filósofo absolutista Maquiavel, segundo nos afirma que: “O fim almejado legitimaria o uso de quaisquer meios, inclusive os imorais”. Nesse sentido, a beleza, a arte, o talento, o esforço, a habilidade, têm ficado em segundo plano, a técnica e a burocracia têm imperado. O medo de perder tem asfixiado a vontade de ganhar.

Acredito e muito que os esforços dos homens são substancialmente essenciais na formação do seu caráter, pois não é de qualquer forma que devemos obter os ganhos propostos. Na verdade, temos que entender a relevância dos meios empregados na construção de quem somos.

Veja a situação política que atravessa a nossa nação. Meu Deus, o que é isso?! Pessoas que fazem o que fazem, comemoram as derrotas como vitórias, não medem esforços e nem meios para alcançar o poder, enriquecimentos ilícitos, propostas e alianças que atendem aos interesses de uma minoria, desvios que favorecem a uma determinada classe, má condutas, falsidades, mentiras e mais mentiras. E assim tentam nos manipular e convencer de que as “mentiras são verdadeiras e as verdades são mentirosas”.

Como nos afirma novamente Maquiavel: “A manutenção do poder deve ser o fim supremo do governante, que pode se valer de quaisquer meios para atingi-lo”.

Quando o assunto é alcançar vitórias sólidas, acredito que não podemos abrir mão da ética, honestidade, caráter, fidelidade, transparência, compromisso com a verdade, responsabilidade com as pessoas e, acima de tudo, acreditar que ser assim vale a pena e que os meios para se chegar não são e nem podem ser indiferentes e que estes valores são “inegociáveis”.

Vejo reflexos dessa filosofia também na minha trajetória pessoal. Quando ainda muito jovem, tive o prazer de trabalhar com um certo diretor que, em um dos nossos diálogos, afirmou: “Rinaldo, nunca tenha medo de dar o seu melhor, pois se eu, seu diretor, não te reconhecer, alguém te reconhecerá, pois aqueles que dão o seu melhor se tornam irresistíveis”.

A frase acima marcou-me de maneira singular e tem orientado todas as instâncias da minha vida! Não é à toa que acordo até hoje com o propósito de fazer melhor e diferente o que faço, entendendo que dá para fazer ainda melhor, buscando não me acomodar com os resultados por mais expressivos que eles sejam.

Tenho 50 anos e posso lhe afirmar que ser assim é tudo o que tenho. Sem dúvida, esse é o meu maior patrimônio, pois sustenta e mantém vivo os meus ideais de vida.

Gostaria de terminar esse pequeno artigo afirmando à você que o sentido da vida reside no nosso inconformismo com as derrotas, não as derrotas de alguém, mas as nossas próprias derrotas. Tenha coragem, você merece ser vitorioso!

 

Com carinho;

 

Rinaldo Oliveira

  • 18.06.2017

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