Em cinco anos, mercado segurador desembolsou mais de R$ 2 bilhões em indenizações por cargas roubadas no Brasil.
A procura por Seguro de Responsabilidade Civil de Desvio de Carga atingiu R$ 1,1 bilhão em 2023, segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). O valor representa aumento de 8,8% ante o registrado no ano anterior, quando os contratos somaram R$ 982,7 milhões.
Na comparação com 2019, o crescimento foi de 71%, conforme números antecipados à CNN.
O Seguro Desvio de Carga é responsável pela indenização no caso de desaparecimento total da carga, roubo durante o trânsito ou nos depósitos e armazéns, ou roubo praticado durante viagem fluvial complementar à viagem rodoviária, exclusivamente na região Amazônica.
De acordo com a CNseg, o aumento pode ser explicado pela maior preocupação de transportadoras com a segurança financeira do negócio e pela aplicabilidade da Lei 14.599/23, que trouxe mudanças com relação à contratação de seguros de carga.
Pela nova lei, as transportadoras devem contratar obrigatoriamente três novos tipos de seguros de responsabilidade civil: para cobrir perdas ou danos à carga decorrentes de colisão, abalroamento, tombamento, capotamento, incêndio ou explosão; para proteção contra roubo, furto simples ou qualificado, apropriação indébita, estelionato e extorsão simples ou mediante sequestro que afetem a carga durante o transporte; e para cobrir danos corporais e materiais causados a terceiros pelo veículo utilizado no transporte rodoviário de cargas.
No recorte regional, o Sudeste detém a maior participação na arrecadação e pagamento de indenizações pelo produto, com 62% do total arrecadado e 69% de pagamentos.
São Paulo, por sua vez, foi o responsável por alavancar a região, representando sozinho mais da metade dos valores indicados. O estado arrecadou cerca de R$ 522,6 milhões e pagou aproximadamente R$ 275,5 milhões em apólices.
Dos outros estados que tiveram participação relevante no Seguro Desvio de Carga, o Paraná aparece em segundo na arrecadação (R$ 96,5 milhões) e terceiro em indenização (R$ 24,2 milhões); e Minas Gerais, em terceiro na demanda (R$82 milhões), mas segundo em pagamentos aos segurados (R$ 36, 2 milhões).
O produto é voltado para o transportador, ou seja, para a empresa responsável por realizar a movimentação da carga relacionada no Registro Nacional dos Transportadores Rodoviários de Carga (RNTRC) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Mais de R$ 2 bilhões pagos em indenizações
A CNseg também informou que nos últimos cinco anos, o mercado segurador desembolsou mais de R$ 2 bilhões em indenizações por cargas roubadas no Brasil.
No levantamento, a instituição apontou que R$ 477,2 milhões foram pagos pelo Seguro de Responsabilidade Civil de Desvio de Carga em 2023, e supera em 55% o total de 2019, quando cerca de R$ 307,9 milhões foram desembolsados.
No entanto, em 2022 foi identificado um recuo de 24,1%, quando foram pagos R$ 629,2 milhões.
De acordo com a CNseg, a redução no pagamento de indenizações caminha em paralelo com os dados do Ministério da Justiça, que apontaram uma redução de 11% na ocorrência deste tipo de crime, mas ainda deixa o Brasil na segunda posição de países com maior registro de roubo de cargas, perdendo apenas para o México.
Levantamento da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística aponta para um prejuízo em torno de R$ 1 bilhão por ano.
São Paulo é o estado com maior índice de roubos de carga do Brasil. De acordo com o “Relatório de Roubo de Carga no Brasil”, do Centro de Inteligência da Overhaul, a região responde por 46% dos mais de 17 mil casos de roubos do país.